A superfície sobre nós
A visão de mundo de Hugo começa a ser alterada no momento em que ele conhece Jaime, um colega mais velho que atravessa com aparente firmeza uma confluência de crises. O que a princípio seria apenas uma colisão casual de experiências díspares revela-se um inusitado intercâmbio de duas gerações marcadas por revoluções bem distintas. Escolhas antes vistas como fascinantes.
Investir tudo o que se tem num projeto pessoal, como fez o antropólogo Jaime, baby boomer, soam ambíguas para o narrador Hugo, membro declarado da Geração Y. Enquanto Jaime busca um lugar para chamar de seu, Hugo se apega ao conforto e à facilidade. Enquanto Jaime enfrenta seus segredos, Hugo se entrega à internet. Com uma escrita matizada e límpida, repleta de lacunas propositais, Sergio Vilas-Boas convida o leitor a refletir sobre a (in)satisfação humana. Afinal, A superfície sobre nós refere-se sobretudo à profundidade que, nestes tempos de individualismo e tecnologização, não conseguimos nem ver nem tocar.